quarta-feira, 20 de março de 2019


                                                     L E Ã O    H E B R E U





139- DIALOGHI  DI  AMORE,  COMPOSTI  PER  LEONE  MEDICO,  DI  NATIONE  HEBREO,  ET  DIPOI  FATTO  CHRISTIANO.  ALDUS  1545.
O frontispício encontra-se ornado com a marca do impressor, uma âncora com um delfim entre as letras AL  e DUS. No verso do último fólio numerado vem o cólofon  com os seguintes dizeres:  IN VINEGIA, NELL’ ANNO M D. XLV. IN CASA DE FIGLIVOLI DI ALDO. Segue-se outro fólio em branco não numerado, ostentando no verso a marca do impressor.
    Este é um exemplar da terceira edição da famosíssima obra do português Leão Hebreu. A primeira edição saiu postumamente, em Roma, no ano de 1535 e a segunda, em Veneza, no ano de 1541. Ambas se encontram descritas por Francisco Leite de Faria na sua obra “Estudos Bibliográficos sobre Damião de Góis e a sua Época”, sob os nºs 358 e 395.
    Confrontando o título deste exemplar com o que se segue, constata-se que este apresenta a expressão “  ET  DIPOI FATTO CHRISTIANO”. Expressão que aparece pela primeira vez na primeira edição aldina, de 1541, tal como é descrita por Leite de Faria, sob o nº 395. No entanto, no citado nº 358, vem descrita a primeira edição com este título:    DIALOGI D’AMORE DI MAESTRO LEONE MEDICO HEBREO”. Aliás, só naquelas duas primeiras edições aldinas é que encontramos aquela expressão. Todas as edições posteriores a 1545, tanto italianas, como francesas ou espanholas, e que muitas são, em nenhuma delas aquela expressão se repetiu, como acontece com a que se segue, impressa também em Veneza, mas não nos prelos que foram do famoso Aldo Manuzio.
    Tanto neste exemplar como no abaixo descrito, à portada segue-se um fólio com a carta nuncupatória de Mariano Lenzi À EXCELSA SENHORA D. AURÉLIA  PETRUCCI. Carta que já se encontrava na primeira edição, como decorre da descrição de Leite de Faria. À carta, em ambos os exemplares em apreço, segue-se o texto da obra, dividida em três diálogos, que se estende por 261 fólios, numerados na frente, no que respeita ao primeiro, e por 246, também numerados na frente, no que concerne ao segundo.  

    Tudo leva crer que a introdução da expressão espúria ET  DIPOI  FATTO  CHRISTIANO se deveu à dificuldade encontrada  inicialmente na publicação da obra em Veneza, pelo facto de o seu autor ser hebreu. Mas, como ficou referido, tal só aconteceu nas duas primeiras impressões aldinas. A edição prínceps afasta qualquer dúvida quanto a aventada conversão de Leão Hebreu ao Cristianismo, como aquelas duas edições levaram a supor.







139- DIALOGHI  DI  AMORE,  DI  LEONE  HEBREO  MEDICO, DI NUOVO CORRETI  ET  RISTAMPATI. IN  VENETIA, Appresso Nicolò Beuilacqua. M  D  LXXII.
    A portada ostenta, ao centro, uma bonita gravura, que deverá ser a marca do impressor, e a palavra DIALOGHI encontra-se dentro de uma moldura. No verso do último fólio numerado,traz o cólofon com os dizeres : In Venetia, Appresso Nicolò,Beuilacqua, M D LXXII.
     Na carta nuncupatória de Mariano Lenzi, não deixa de ser estranha a relação que o mesmo  faz da cultura egípcia com as divindades romanas, quando escreve: “ Foi antiquíssima usança dos escritores egípcios dedicarem a Mercúrio os livros sagrados que escreviam, por isso que julgavam terem sido achadas por Mercúrio todas as artes, todas as ciências, todas as coisas belas, e que a ele, como descobridor das coisas todas, se deveria agradecer aquilo que o homem aprendia ou sabia. Tal a razão por que Pitágoras e Platão e muitos outros grandes filósofos foram aprender filosofia no Egipto, e geralmente a aprendiam nas colunas de Mercúrio, que estavam todas cheias de ciência e de doutrina” ( Giacinto Manuppella in LEÃO HEBREU, DIÁLOGOS DE AMOR , Instituto Nacional de Investigação Científica, Lisboa, 1983, vol. II.  Será à tradução deste ilustre catedrático italiano, professor que foi  da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, que me reportarei, sempre que citar o texto dos Diálogos).  
  







140- PHILOSOPHIE  D’ AMOUR  DE  M.  LEON  HEBREU,  TRADUICTE  D’ ITALIEN  EN  FRANÇOYS  PAR  LE  SEIGNEUR  DU  PARC  CHAMPENOIS.  Avec priuilege du Roy.  A Lyon  chez Guil. Rouille  &Thibauld  Payen. M. D. LIX.
     As três primeiras traduções francesas da obra de Leão Hebreu foram impressas em Lyon. A primeira no mês de Janeiro de 1551, a segunda no mês de Abril do mesmo ano e a terceira, a que pertence este exemplar, em Janeiro de 1559, sendo o mesmo, o tradutor das duas últimas – Seigneur du Parc Champenois. O texto da portada encontra-se emoldurado por uma bonita gravura. O aviso ao leitor e o privilégio real, datado de 1550, vêm nas três últimas páginas, depois do índice.Na página 3 vem um soneto em francês do tradutor e na 4 outro, mas em italiano, de M. Giovan Iacomo Manso Napolitano. Segue-se a carta nuncupatória do tradutor, dirigida à raínha de França, Catarina de Medicis.
    Leão Hebreu nasceu em Lisboa, não no ano de 1490, como escreve Reis Brasil na introdução da sua tradução dos  DIÁOLOGOS DE AMOR, mas muito antes, como se mostrará.Naquela data, já se encontrava com seus pais em Espanha, há vários anos. É que não nos podemos esquecer que, em 30 de Maio de 1485, é lavrada sentença de morte, por traição, contra seu pai, Isaac Abravanel (1437-1508), “mercador, morador em a nossa cidade de Lixboa”( Archivo Historico Portugês,vol.II, pág.31 e segs.), que havia fugido para Espanha dois anos antes, a seguir à prisão do duque de Bragança, D. Fernando,ocorrida em 29 de Maio de 1483.
     Da carta de 4 de Dezembro de 1480, ressalta claramente a ligação que houve entre Isaac Abravanel, “ morador em Lixboa, nosso servidor”, e D. Afonso V, a quem emprestou dinheiro, por várias vezes ( obr. cit. vol.IV, pág. 426 e segs.). Aliás, a relação da família Abravanel com a corte já vinha do tempo de seu pai, Judá Abravanel,”judeu, mercador, morador em esta cidade” ( obr. cit., vol. VI, pág.363 e 437). O que levou Benzion Netanyahu a escrever:
  Por aquela altura , a figura mais eminente da elite judaica era Dom Judá Abravanel, pai de Dom Isaac. É certo que, da sua actividade, não existe qualquer registo.No entanto,o escasso material de que dispomos demonstra à saciedade que, na década de sessenta, era Dom Judá o chefe da comunidade judaica de Portugal, ao mesmo tempo que dispunha de uma influência enorme e de ampla fama. Como a profissão de Dom Judá não era, nem a de intelectual, nem a de rabino, a sua proeminência no seio da comunidade deve ter sido o resultado de uma posição social e política, ou, mais claramente ainda, resultado, das suas relações com a Corte. Contudo, as suas ligações à Corte de nada valeriam sem o apoio do Duque de Bragança, que gozava de uma influência determinante junto do rei, ao mesmo tempo que detinha um poder determinante na governação. Podemos, pois, supor que a amizade excpcional que, como teremos oportunidade de ver, iria marcar as relações de Dom Isaac com os príncipes de Bragança, provinha de uma ininterrupta relação familiar iniciada por Dom Judá, seu pai, na época do primeiro Duque de Bragança. “
    “ Filho de um poderoso cortesão judeu, Isaac foi-se acostumando, desde a infância, a visitar os paços dos reis e os príncipes.Daí que o rumo da sua educação tenha sido no sentido de Isaac se adequar ao estrato social em que a sua família vivia, e no sentido de se preparar para assumir, no futuro, os deveres e as responsabilidades de seu pai” ( DOM  ISAAC ABRAVANEL, Estadista e Filósofo, Tenacitas, pág.55-6).
      Como ressalta claramente do libelo acusatório, Dom Isaac Abravanel mantinha uma forte ligação com a Casa de Bragança. “ Assy polla muita amizade e comverssaçam que o dito isaque Bravanel tinha com o Duque que foy de Bragança e com seos irmaãos, e a benfeitoria que elle ouve do dito Duque, e como elle fogio e se amoorou destes nosos regnos pera os de Castella, honde ora anda, sem mais querer vir e tornar pera estes regnos, sem embargo de lhe mamdarmos escrever  que viesse, e se tornasse pera elles com sua segurança, o que nunca quis fazer, pollo qual se conclude que elle era sabedor e trautador da maldade e da traiçam, que o dito Duque tinha trautada , machinada e conspirada contra nos, e contra nosso Real estado, e contra o bem, paz e assesseguo destes nossos regnos, mamdamos que o dito Isaque Bravanell moyra cruell morte natrurall, e tanto que for achado e avido nestes regnos, logo seja emforcado e moyra na forca, e avemos por confisacados todos seos bens movees e de raiz pera a coroa dos ditos nosos regnos, aaquall todo dereitamente pertence” ( Arch. Hist. Port. Vol. II, pág.33).
     Tudo leva a crer que é Isaac Abravanel, o “ quynto Abrauanell”, mencionado no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, tanto mais que adiante alude a  “ os qu’andam por trayçam/ fora do rreyno lançados” ( Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, edição do Dr. E. H. v. Kausler,vol.I, Stuttgart, Geduckt auf Kosten des literarischen Vereins, 1846, pág. 50-1).
    Quando, em 1483, Dom Isaac Abravanel foge para Espanha com a família, Leão Hebreu, o filho mais velho, teria 18 anos de idade. Pois, como nos dá a conhecer o renomado Prof. Joaquim Carvalho, JUDÁ- mais tarde Leão - terá nascido, em Lisboa, em 1465 ( Leão Hebreu, Filósofo,Imprensa da Universidade, 1918,pág.6). E aquele grande catedrático da Alma Mater coimbrã mais adiante escreve: “ Nascendo rico, rodeando-o no lar paterno um ambiente intelectual, não surpreende que inclinasse para a vida contempletaiva consagrando a mocidade ao estudo. O pai ensinou-lhe os primeiros conhecimentos da literatura árabe e hebraica peninsular, familiarizando-o com a lei, e o médico português, João Sezira, amigo de Isaac, iniciou-o no estudo da astronomia e medicina, as duas sciências que os sefardim tanto cultivaram. Nos Diálogos de Amor citam-se as sete artes liberais, constituintes do trivium e quadrivium .( obr. cit., pág.12). Este ilustre professor não aceita que o Jehudah ben Ischag Abarbanel, de Lisboa, que, nos finais do século XV, no dizer de Maximiniano de Lemos ( História da Medicina em Portugal, vol.I, pág.83), exercia a medicina, fosse o nosso Leão Hebreu, em virtude de não ter mais de 18 anos ( obr- cit. , pág.13).Não nos podemos esquecer que o grande Amato Lusitano,quando ainda não tinha 18 anos, já exercia a medicina nos hospitais de Salamanca, a pedido dos seus professores, como em devido tempo se deixou escrito ( vol. II, pág.212). Por isso, não é de excluir que se trate do filho de Isaac Abravanel, que, na verdade, foi médico. Aliás, Leão Hebreu, no seu poema autobiográfico,que, em português, tem o título de Lamentação contra o Tempo, escreve “ Quanto a mim ele( D. João II) fez-me despojar de todos os meus bens , tendo-me tirado toda a minha fortuna inteira ( tudo o que eu possuía), em ouro e prata”.( Diálogos de Amor, na tradução de Reis Brasil, vol. 2º, pág. 365-6). De onde se infere, com toda a segurança, que, apesar de jóvem, Leão Hebreu tinha não só maturidade para ser médico, mas também já tinha fortuna pessoal.
     Uma vez em Espanha, a família Abravanel, liderada pelo seu patriarca, Isaac Abravanel, ao fim de poucos anos já se encontrava numa posição muito semelhante à que havia conquistado em Portugal. Isaac Abravanel torna-se o homem das finanças dos reis católicos e o próprio financia a empresa bélica para a tomada de Granada aos mouros,que culmina com a rendição destes em 2 de Janeiro de 1492. O filho Judá Abravanel , que então passou a chamar-se Leão ( o que terá a ver com o facto de, na Bíblia, a tribo de Judá ser comparada a um leão) começou a gozar de grande prestígio como médico e passa  a  estar ao serviço pessoal dos reis católicos.
     E tudo corria de feição, em Espanha, à família Abravanel, até que, em Granada, em 31 de Março de 1492, foi lavrado o édito da expulsão dos judeus . Os que se não convertessem, teriam que deixar os reinos de Espanha até 31 de Julho.  A família Abravanel não se converte,  preferindo ser novamente despojada  dos seus bens e partir para outras terras. Só que, para Portugal, estava-lhe vedada a entrada, pelo menos ao seu patriarca, sobre quem pendia uma senteça de morte desde 1485. Conhecedores dessa sua situação, os reis católicos tudo fizeram para conseguir a sua conversão. Chegaram ao ponto de, secretamente, prepararem o baptismo do filho mais velho de Leão hebreu, com um ano de idade, na esperança de que toda a família o fizesse. Tendo sido alertado da armadilha por um amigo, Leão Hebreu envia o bébé com a ama para Portugal, possivelmente para casa de sua irmã, na esperança de, depois, o ir buscar e levar para Itália, terra que já tinham escolhido como destino. Mais tarde, Leão Hebreu chorará copiosamente o destino deste seu filho, na Lamentação contra o Tempo:
   Tendo-me nascido dois rapazes, dois filhos que são as minhas delícias, duma beleza rara, a de uma gazela;
 O mais novo, a quem dei o nome de Samuel, foi reclamado,cedo, pelo Tirano que me espreita;
20- Ele feriu-o com a idade de cinco anos, acabrunhando-me com um forte acréscimo de penas e de tormentos;
Quanto ao mais velho, a quem dei o nome de Isaac- Abrabanel, era também como a rocha de que eu fui talhado;
Com o mesmo nome de seu avô, esse homem grande em Israel, esse filho de Jessé que é a Luz do Ocidente.
Ai! Logo que ele chegou à idade de um ano, imediatamente meu pérfido Inimigo o atirou para bem longe de mim.
25- Quando a Diáspora de Sepharad foi expulsa, o rei deu ordem para me ser feita uma emboscada de prisão ou retenção:
A fim de me impedir de deixar o país e de passar para além das suas fronteiras, determinou mandar tirar-me o meu filho, aquele que chupava o meu leite,
Para o converter à sua Fé, a ele; contudo eu fui advertido disso por um de meus amigos, homem de bem.
Eu mandei-o rapidamente enviar , na plena escuridão da noite, com sua ama,como se fosse caso de uma criança roubada, para Portugal……
Depois da morte deste rei ( D. João II) apareceu um rei insensato,devoto, de espírito cheio de nulidades ( D. Manuel).
Este constrangiu toda a comunidade de Jacob, todos os filhos da minha nobre Nação a converterem-se;
Numerosos foram os que se entregaram à morte, para não se exporem à transgressão da Lei do meu Deus, aquele que me engrandece.
Foi então que se tiraram as delícias da minha alma e que se trocou o seu glorioso nome, aquele mesmo do meu Rochedo de origem. 
Hoje , ei-lo já com a idade de doze anos, sem que eu o tenha tornado a ver: por causa da falta que pesa sobre mim.
Tenho vontade de gemer. A minha afronta cai sobre minha própria cabeça, a minha queixa volta-se contra minha própria alma;
Porque fui eu quem o fez fugir de um perigo para uma cilada; tirei-o das brasas para o precipitar nas chamas…..
Deixa-me , portanto, que eu retome a palavra , dirigindo-me a meu único filho:…” ( Reis Brasil, obr. cit. pág.364-9).
     Por este poema elegíaco de Leão Hebreu, ficamos a saber que teve dois filhos. O mais novo, de nome Samuel, morreu, quando tinha cinco anos, e o mais velho, nascido em 1491,o bébé acima referido, encontrava-se ainda em Portugal, quando tinha doze anos, isto é, em 1503, data em que o poema deve ter sido escrito, encontrando-se então a família Abravanel em Itália, para onde se tinha dirigido, antes de 31 de Julho de 1492. Ao chamar-lhe “único filho”- o outro tinha já morrido -, conclui-se que Leão Hebreu não teve mais filhos, para além daqueles.
    Na sua elegia, Leão Hebreu alude ao decreto de 1497, em que D. Manuel determinava que todos os filhos dos judeus, meninos ou meninas, com idade inferior a 14 anos, lhes fossem retirados e distribuídos por vilas e lugares do reino, onde à sua própria custa mandava que os criassem e doutrinassem na Fé de N. Salvador Jesus Cristo ( Damião de Góis, Chronica de D. Manuel, Primeira Parte, Cap. XX, fól. 11, Antonio Alvarez, 1619).
     Montaigne, ele próprio de ascendência judia, transcreve na integra, na versão francesa, o relato chocante que “l’Evesque Osorius, non mesprisable historien latin”, faz desses acontecimentos, no primeiro livro da sua obra  “De Rebus Emmanuelis Gestis” ( Essais de Montaigne, Liv. I, Cap.XL, tomo I, pág.263-4, da edição de Paris de 1725).  
      Há quem avente que aquele filho, mais tarde, em 1506, voltou para o pai, fixando-se na Turquia ( Pinharanda Gomes, A Filosofia  Hebraico-Portuguesa,I, pág.322), mas também há quem afirme haver documentação demonstrativa de que aquele filho de Leão Hebreu recebeu o nome de Henrique Fernandes e que mais tarde casou com uma tal Inês Fernandes ( João J. Vila-Chã in  História do Pensamento Filosófico Português,vol.II, pág.208). Quanto à sua deslocação para a Turquia naquele tempo, é de todo improvável. Já o seu eventual casamento não é, de forma alguma, de pôr de parte.No entanto, a fonte indicada pelo autor não fornece os elementos carreados para o texto. De qualquer forma, mesmo que fosse verdadeiro, tal não afasta a possibilidade de, mais tarde, depois de casado, ter ido ao encontro da família exilada, ter adoptado o seu verdadeiro nome, como aconteceu com vários judeus portugueses ilustres e ter dado ao filho o nome do seu pai, como adiante se verá.  
    Sem o filho Isaac, mandado para Portugal, Leão Hebreu acompanha o pai e o resto família no exílio para Itália, tendo chegado a Nápoles durante o mês de Setembro de 1492. Reinava então em Nápoles Fernando I,conhecido por Ferrante, que tinhá como seu primeiro ministro o maior humanista do século XV, Giovani Pontano ( ver vol.II, pág.14). “ Se a extensão da viagem há-de ter aumentado os sofrimentos de muitos dos seus camaradas, o acolhimento que acabaram por receber da parte do rei de Nápoles dissipou-lhes muitas das penas por que passaram. Ferranre manteve a sua afabilidade, e até mostrou uma consideração especial em relação a Abravanel ( Isaac), ao oferecer-lhe um convite para a Corte e mesmo um lugar ao seu serviço”.
    Na Corte de Ferrante, Abravanel deve ter ficado numa posição de importância. Também desta vez, a sua posição parece ter andado ligada a alguma actividade financeira. Anos mais tarde, ao descrever a sua situação em Nápoles, Abravanel afirma que a sua riqueza cresceu imensamente e que se tornou tão famoso como os maiores magnatas do país.Com efeito,dois anos após a sua chegada, Abravanel já gozava da maior confiança como cortesão do séquito do rei de Nápoles “ ( Benzion Netanyahu, obr. cit. ,pág.110).  
    Durante a sua permanência em Nápoles, Leão Hebreu deve ter frequentado a Academia Pontaniana, onde pontificava Giovani Pontano, o seu verdadeiro fundador.Mas, em Agosto de 1494, Carlos VIII, de França, invade a Itália e, em Fevereiro do ano seguinte, entra Nápoles. Segundo o embaixador francês, Philippe de Comines ( 1447-1511), o rei francês entrou em Nápoles no dia 22 de Fevereiro, no meio dos aplausos do povo ( Las Memorias de Felipe de Comines Señor de Argenton, Amberes, Juan Meursio, 1643, Tomo II, cap.149, pág.263). No entanto, os bairros judaicos são saqueados e os judeus fogem da cidade. A família Abravanel divide-se. O patriarca, Isaac, acompanha o rei Afonso II, que havia sucedido a seu pai, Ferrante, falecido em 25 de Janeiro de 1494, e vai para a Sicília. Leão Hebreu vai para Génova e a restante família dirige-se para Tessalónica, onde se encontrava Samuel, o filho mais novo de Dom Isaac . O qual havia de falecer em Ferrara, por ter ingerido pílulas de escamónea, como nos relata Amato Lusitano –“ ut Venetiis uidimus et Farrariae in Samuelo Abarbanelio, qui ob epotas sic pilulas uitam cum morte commutauit” (  IN  DIOSCORIDIS ANAZARBEI  DE MEDICA MATERIA  LIBROS QUINQUE  ENARRATIONES… Argentorati, VVendelinus Rihelius, Lib. IV, en. 171, pág.478).
     Como se deixou dito no volume segundo deste modesto trabalho (pág. 223-4), Amato Lusitano conta-nos que teve em suas mãos um manuscrito, que se encontrava em poder de Juda Abarbanel, neto de Leão Hebreu, com o título “ De Coeli Harmonia”, que o avô havia escrito a pedido de Pico de Mirândola. Tendo em conta que Giovani Pico della Mirandola faleceu em Florença, em 17 de Novembro de 1494, teremos que concluir que Leão Hebreu, durante a sua estadia em Nápoles, conheceu e contactou aquele célebre humanista. O que também demonstra as suas já estreitas relações com os círculos neoplatónicos, apesar do pouco tempo decorrido após a sua chegada àquela cidade. É verdade que não podemos excluir que tenha tido contactos com o célebre humanista,também na sua condição de médico, tendo em conta que Pico de Mirândola morreu aos 31 anos de idade.
    Giacinto Manuppella, ao comentar aquele texto de Amato Lusitano, esclarece que, neste caso, a palavra latina nepos-nepotis deve ser traduzida  por neto e não sobrinho ( obr. cit., vol. I, pág.582).É que Amato Lusitano, ao refrir-se ao filho de seu irmão, Pedro Brandão, escreve Bradanus nepos meus-meu sobrinho Brandão ( ver vol.II, pág. 205). Ora,afirmando Leão Hebreu, no seu poema elegíaco, que o filho, ido para Portugal, era naquela altura- 1503 – o seu único filho, o Juda Abarbanel, de que fala Amato Lusitano, como sendo neto de Leão Hebreu, só pode ser filho do seu tão querido Isaac Abravanel, que tanto chorou.Na data em que o filho, a nora e o neto, com dez anos, foram vistos por Amato Lusitano (1560), Isaac teria, se fosse vivo, 69 anos de idade. O filho e a família tinham vindo de Tessalónica, onde, em 1495, se encontrava Samuel, o irmão mais novo de Leão Hebreu, como acima se deixou dito. Para Tessalónica foi, com toda a probabilidade, casado ou solteiro, o filho querido de Leão Hebreu, já outra vez judeu, e ali poderá ter nascido, por volta de 1530, aquele neto, que acabou por morrer,como nos relata o médico albicastrense. O qual tinha o nome do avô, à semelhança do pai. E este, com toda a probabilidade, encontrou-se com o filho, que andou perdido. Só assim se explica que o neto tenha em seu poder um manuscrito do avô. 
    Giacinto Manuppella na mencionada página também refere que o Pico de Mirândola, citado no aludido manuscrito de Leão Hebreu, não pode ser o famoso humanista, por o mesmo ter falecido em 1494.Deve referir-se ao sobrinho Gianfrancesco Pico della Mirandola.O tio faleceu efectivamente em 1494, não em Janeiro,mas em 17 de Novembro, como acima se deixou dito. Por isso, não é de estranhar que Leão Hebreu,em comsequência, sobretudo, da função assumida pelo pai na corte de Nápoles, se tivesse relacionado cedo com aquele grande humanista, que era o homem, de fora de Nápoles, de quem se falava na altura.Só assim se compreende que Amato Lusitano a ele se referisse, usando a expressão “ diuinus Mirandulensis Picus”. Expressão que não teria utilizado, com toda a certeza, se tivesse em mente o sobrinho.
     A ida de Leão Hebreu para Génova deveu-se ao facto de aquela cidade, do norte de Itália, ter sido o refúgio dum grande número de judeus em 1492, e também um centro cultural importante. Aí exerceu a sua profissão de médico e aí escreveu, com toda a probabilidade, a sua obra perdida “ De Coeli  Harmonia”, que Pico de Mirândola lhe havia pedido, e começou a escrever a sua mais famosa obra “ Os Diálogos de Amor”. Pois, no diálogo primeiro, ao falar das estrelas, refere-se às navegações dos Portugueses e Espanhóis nestes termos: “ Desconhecemo-las durante milhares de anos, ainda que presentemente se tenha alguma notícia delas em virtude da recente navegação de Portugueses e Espanhóis ( Giacinto Manuppella, pág.34). E, no diálogo segundo, escreve: “ e é possível que na outra parte, de nós não conhecida, se encontrem mais estrelas fixas no céu e mais lugares habitados na Terra: em nossos tempos, a experiência da navegação dos Portugueses e Espanhóis nos tem revelado parte disto” ( obr. cit. pág.77). Já o diálogo terceiro está a escrevê-lo, em 1501, como claramente ressalta deste texto: “ Estamos, segundo a verdade hebraica, a cinco mil duzentos e sessenta e dois anos do princípio da Criação” ( obr. cit. pág. 221).Que corresponde ao ano de 1501 da era cristã. Só que, então, Leão Hebreu já se não encontrva em Génova. Pois,daí tinha saído, em princípios de 1501, em consequência dos éditos, contra os judeus, aí publicados.  
    Leão Hebreu dirige-se para Monopli, no Adriático, onde se encontrava seu pai, na esperança de o convencer a deslocar-se para Barletta, cidade pertencente ao reino de Nápoles, onde, estava convencido, ambos poderiam dedicar-se tranquilamente às suas actividades. Mas,  datada de Nápoles, 10 de Maio de 1501, o rei da Sicília ,Federico, faz chegar-lhes  uma carta a solicitar a presença naquela cidade de Dom Isaac Abravanel e de seu filho, o médico Leão ( Giacinto Manuppella, obr. cit.,vol.I, pág.578 ). A família Abravanel regressa a Nápoles. Contudo, Dom Isaac pouco tempo aí permanecerá, pois a sua preocupação, em publicar as obras que havia escrito, leva-o para Veneza. Pelo menos, em 1504, já aí se encontrava há algum tempo. Pois, os venezianos, alarmados com os prejuízos que os portugueses lhes estavam a causar no negócio das peciarias, resolvem negociar com D. Manuel, por intermédio de um judeu chamado Habravanel, a viver naquela cidade (Geronymo Çurita, Historia del Rey Don Hernando el Catolico,Çaragoça, Domingos de Portonariis, 1580, Liv. V, cap.LXXX, fól. 342). O judeu chamado Abravanel só podia ser Dom Isaac, o financeiro, o diplomata, o filósofo, que aí morre, em Novembro de 1508 ( Benzion Netanyahu, obr. cit. pág. 134). O filho, esse permaneceu em Nápoles, agora numa situação previlegiada, oferecida pelo “ meu Rei”, como lhe chama no seu nomeado poema elegíaco.
     Como já se referiu, Leão Hebreu, naquele seu poema, diz-nos que o seu querido filho Isaac tinha 12 anos de idade, quando o escrevia, o que significa que estávamos no ano de 1503, uma vez que havia nascido em 1491, pois, tinha um ano, em 92. Daí se infere que se encontrava em Nápoles, quando escreveu o poema e também aí deve ter concluído o terceiro diálogo da sua famosa obra, o qual estava a ser redigido em 1501, como acima se deixou escrito.
     Em 1503, os franceses são definitivamente derrotados e expulsos do reino de Nápoles pelo exército espanhol, comandado por Gonçalo Hernandez de Córdova, “El Gran Capitan”, que “ entro en Napoles a diez y seys de Mayo” , no meio de grandes festejos populares ( Geronymo Çurita, obr. cit.fól.286). O qual, por certo, conhecia a família Abravanel, da passagem desta por terras de Espanha. Por isso, não é de estranhar que vá buscar Leão Hebreu para seu médico pessoal. Cargo que exerce enquanto o Gran Capitan se mantem no poder.
     O Pontífice Júlio II (1503-1513), o papa guerreiro, tencionava nomear o “Gran Capitan” capitão-general da Igreja, o que o rei católico, Fernando, não aceita, alegando que pretendia cumulá-lo de honrarias, até porque tinha intervido na tomada de Granada aos mouros,e leva-o consigo para Castela, em 1507 ( Geronymo Çurita, Los Cinco Libros Postreros de la Historia del Rey Don Hernando el Catolico,1580, Lib.VII,Cap.XLIX, fól. 128).
    Leão Hebreu, mais uma vez, deixa Nápoles, onde, após a chegada do rei católico, em 1506,e por acção do mesmo, as condições de vida dos judeus se tinham degradado. Põe-se a caminho de Veneza, ao encontro de seu pai. Este “ tinha recebido da parte de Saúl Cohen, natural da ilha de Creta e discípulo do filósofo Elias Delmedigo, uma série de perguntas filosóficas juntamente com o pedido de que as mesmas fossem consideradas não apenas poer ele pessoalmente, mas também pelo seu filho, o nosso Leão Hebreu.  O autor da carta faz menção da fama que Judah Abravanel tem, devido quer ao seu enorme conhecimento da filosofia dos gregos em geral e de Aristóteles em particular, quer à sua versatilidade no que respeita à “interpretação alegórica” da sabedoria dos antigos, tal como para nós está perfeitamente patente no texto tanto do segundo como do terceiro dos Diálogos. Depois de lhe ter submetido as questões que lhe foram propostas pelo seu interlocutor de Creta,particularmente que dizia respeito à difícil questão da matéria-prima (prote hyle), é absolutamente indisfarçável o orgulho com que na sua resposta Dom Isaac se refere ao seu filho Judah, colocando-o expressamente entre os mais distintos filósofos da Itália do seu tempo” ( João J. Vila-Chá, obr. cit., pág. 227).
    A partir daqui quase perdemos o rasto a Leão Hebreu. No entanto, sabemos que seu irmão José também vive em Veneza e seu irmão Samuel, que, entretanto casara com Benvenida Abravanel, vive em Ferrara, onde falecerá, como nos deixou dito Amato Lusitano. Por isso, não será de estranhar que Leão Hebreu, não tendo ainda chegado de Portugal o seu querido filho Isaac, fizesse a sua vida entre aquelas duas cidades.
    Por Geronymo Çurita sabemos que em 1515 o reino de Nápoles é integrado na Coroa de Castela e que, no ano seguinte, Don Ramon de Cardona  é vice-rei de Nápoles ( obr. cit, Lib. X, fól. 389 e segs.). Por sua vez, Giacinto Manuppella transcreve um documento, proveniente do Arquivo de Nápoles, em que o vice-rei Dom Ramon de Cardona -  e não Raimundo de Cordoba, como o autor refere – isenta do pagamento de tributo a “ maestre leon abrauanel medico y su casa y todos los que son comprehendidosen su guiage que tien particular no sean compreendidos en este tributo( obr. cit. I vol., pág. 579).  Deste texto infere-se que Leão Hebreu regressou a Nápoles, pela terceira vez, depois daquela data, e que, tudo leva a crer, o seu amado filho já se encontraria em sua companhia, uma vez que o documento fala em sua casa, o que pressupõe que Leão Hebreu não viveria apenas com a esposa. Mas o ilustre professor da Universidade de Coimbra transcreve ainda na página seguinte vários extractos do diário do cronista veneziano Marino Sanudo, relativos a 1521, onde se alude a “ maestro Lion hebreo medico dil Vicerè”. Por isso, embora não saibamos a data em que regressou a Nápoles,  temos documentos, que atestam a sua presença naquela cidade, no ano de 1521, exercendo a profissão de médico. Contudo, não podemos esquecer que, em Março de 1522, morre Don Ramon de Cardona. Por isso, é legítimo pôr em causa a permanência de Leão Hebreu em Nápoles, depois da morte daquele vice-rei. No entanto,daqui para a frente, nada mais sabemos da vida de Leão Hebreu, nem da sua morte: quando e onde morreu. Sabemos tão só que, em 1535, são impressos, em Roma, os seus famosos DIALOGI D’AMORE, por intermédio de Mariano Lenzi. Este, na carta nuncupatória, dirigida à Excelsa Senhora D. Aurélia Petrucci, escreve: “  porque, tendo eu arrancado das trevas em que jaziam sepultos e de certo modo trazido à luz clara do dia estes seus divinos DIÁLOGOS que encomendei ao nome de tão excelsa Senhora…( Giacinto Manuppella, obr. cit.volume II, pág.2). Deste texto decorre, manifestamente, que Leão Hebreu já havia falecido há vários anos, pois a sua obra encontrava-se, não se sabe em que mãos, mas completamente esquecida . O que não deixa de causar estranheza, quando nos lembramos do que nos narra Amato Lusitano na sua Séptima Centúria, e acima referido, a propósito do neto. Os seus biógrafos situam a sua morte em finais da década de vinte, com desconhecimento do local.
     No século XVI, a obra de Leão Hebreu teve, pelo menos, 9 edições italianas, 6 francesas, 5 espanholas e 2 latinas. A primeira portuguesa, é a de Reis Brasil, acima citada, de 1968, mais de quatro séculos depois!
    Na redacção da sua obra, Leão Hebreu adoptou a forma dialogal, muito comum nos escritores do renascimento, em que são interlocutores Fílon e Sofia.
    Não me sinto com capacidade e engenho para tecer qualquer comentário aos “ divinos” DIÁOLOGOS DE AMOR, como os definiu Amato Lusitano. Mas não resisito à tentação de transcrever uma passagem do Diálogo II e um comentário do Prof. Joaquim de Carvalho:
Sofia- Gosto de todas estas causas das ficções poéticas. Mas diz-me: Platão e Aristóteles, príncipes dos filósofos, porque não quis um deles ( embora tivesse usado a fábula) servir-se do verso, mas somente da prosa, e o outro nem verso nem fábula usou, mas sim a exposição didática?
Fílon- Nunca são os pequenos a infringirem as leis, mas unicamente os grandes. O divino Platão, querendo ampliar a ciência,arrancou-lhe um ferrolho,o do verso,mas não lhe tirou o outro da fábula; de maneira que foi ele o primeiro que infringiu parte da lei da conservação da ciência, mas ainda a deixou de tal modo hermética com o estilo fabuloso, que bastou isso para a sua conservação. Aristóteles, masi afoito e desejoso de ampliação, com novo e original processo e estilo na exposição, quis tirar também o ferrolho da fábula e romper totalmente a lei da conservação, e expôs em prosa, num estilo científico, os assuntos da Filosofia. É bem verdade que usou de tão admirável artifício no dizer tão sucinto, tão compreensivo e de tão profunda significação que isso bastou, em lugar do verso e da fábula, para a conservação das ciências. Tanto assim que, ao responder ao seu discípulo Alexandre Macedónio, o qual lhe tinha escrito estar admirado que tivesse tornado públicos os livros tão secretos da sagrada Filosofia, disse-lhe que os seus livros estavam publicados e não publicados: publicados apenas para aqueles que os tinhem entendido por intermédio dele. Por estas palavras notarás, ó Sofia, a dificuldade e o artifício que existem no falar de Aristóteles. ( pág. 91, da tradução de Giacinto Manuppella).
    “ Crente como era, aceitando a herança hebraica, religiosa e filosófica, concede a supremacia à fé, tanto mais que ela constitue de per si um saber suficiente e um critério seguro na solução das antinomias entre o seu conteúdo e o de qualquer sistema filosófico. Depende, é certo, o seu pensamento, por mais dum conceito, de Platão e Aristóteles; mas assimilando-os, acentuou a concordância destas capitais correntes da especulação hebraica com a Bíblia, suma de toda a sciência natural e espiritual, embora tivesse de forçar textos e por vezes decaísse no mais pueril concordismo. Não se pense, porém, que êste fideísmo envolva a negação da filosofia. De modo algum; e até, pelo contrário, alarga o seu conceito. A verdade, pela universal unidade da sua essência, devêm complexa, de mil faces, compreendendo desde o empirismo mais positivo até ao misticismo mais exaltado. Identica sempre  e pela origem divina prefixada, pode o homem pelas luzes naturais atingi-la, ou, mais precisamente, encontra-la ( que não descobri-la). Razão e fé são assim as duas vias da verdade no espírito humano: quando se encontram, harmonizam-se pela identidade de conteúdo, quando divergem, a razão cede à claridade da fé” (Prof. Joaquim de Carvalho, obr, cit. pág.63-4).
   

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