domingo, 24 de novembro de 2013

António Corrêa d'Oliveira - Fernando Pessoa

                                         COINCIDÊNCIA   OU   TALVEZ   NÃO
Na sua celebérrima obra,editada em 1934 -   a  MENSAGEM - , Fernando Pessoa publicara o poema Mar Portuguez:
                                 Ó MAR SALGADO, QUANTO DO TEU SAL
                                  SÃO LÁGRIMAS DE PORTUGAL !
                                  ……………………………………………………………….



Em 1902, no seu livrinho, intitulado  CANTIGAS,               António Corrêa d’Oliveira escrevera:
                                     Ó ondas do mar salgado
                                     D’onde vos vem tanto sal?
                                     Vem das lágrimas choradas
                                     Nas praias de Portugal   

  

sábado, 25 de maio de 2013


                                             DIOGO  DE     -  II

 

 

      Há quem afirme que António de Sá – que, segundo Castanheda, era de Santarém -  era irmão de Diogo de Sá, baseando-se em Faria Y Sousa, que, no tomo primeiro da sua “ ASIA “, escreve : “ Ocasion fue esta  en que mostraron ilustre valor  Don Vasco, y Jorge, y Fernando, y Miguel de Lima; Leonel, y Ruy de Melo: y Antonio, y Diego de Sá hermanos”( Asia Portuguesa, Tomo I,

Lisboa, Henrique Valente de Oliveira,1666, pág.234). Faria Y Sousa transcreveu erradamente a passagem acima citada da Década Terceira de João de Barros. Não é Diogo de Sá que é irmão de António de Sá, é Rui de Mello, como, aliás, Faria y Sousa refere noutras situações, e resulta das transcrições acima feitas,

quer de João de Barros, quer de Fernão Lopes de Castanheda. Mas, para que não

            restem dúvidas de interpretação do citado texto de João de Barros, transcreve-se    da mesma Década o que se segue : “ Dom João neste tempo tinha repartido a guarda da fortaleza em estancias, de que estes erão as principaes pessoas, dom Vasco de Lima, Jorge de Lima, Rui de Mello, Antonio de Sá seu irmão, João Rabello feitor, Duarte de Faria & Antonio de Serpa..”( ob. cit. fól.239).  O Rui de Mello, em Setembro de 1558, vivia em Cananor, casado com uma filha deDuarte Barbosa e o António de Sá, em 1559, ainda era capitão de uma galeota ( Diogo do Couto, Decada Setima da Asia, Pedro Crasbeeck,1616, fól.102 e 106,respectivamente).

        Simão Botelho, vedor da Fazenda da Índia, em carta a D. João III, datada de Baçaim, de 24 de Dezembro de 1548, escreve que “ este Antonio de Sá é filho de um clérigo do Porto e de uma freira, e matou já um homem à traição, e há poucos dias que matou aqui um negro da terra, sem se fazer justiça dele, e

vive nesta terra à sua vontade com uma aldeia que lhe aforou António Rodrigues de Gamboa por duzentos pardaus, e ela rende perto de mil pardaus: escrevo isto a Vossa Alteza para que saiba os trabalhos com que o servem nestas partes seus oficiais”( Textos sobre o Estado da Índia, Publicações Alfa, pág.42) .

     Gaspar Correia alude a duas pessoas com o nome de António de Sá :   Estando n’estas cousas , n’esta noyte entraraõ  dous catures que de Baçaim mandou Gracia de Sá: em hum Antonio de Sá, o Rume d’alcunha; e no outro Antonio de Sá, ambos sobrinhos  de Gracia de Sá”. ( obr. cit. Tomo IV,parte I, pág.51). Um deles é filho de Francisco de Sá e morre em consequência dos ferimentos sofridos no cerco de Diu ( Segundo Cerco de Diu, obra publicada e prefaciada por António Baião, 1927,pág. 100). O que tem alcunha de rume será  o que em 1559 ainda era vivo, segundo Diogo do Couto e será o que vem referido na carta citada de Simão Botelho e terá sido “filho de um clérigo do Porto e de uma freira”? O que significaria  que, ou clérigo ou a freira, um deles era irmão do capitão Francisco de Sá e de Garcia de Sá -  que depois foi governador da Índia 1548-1549 -, que são filhos do acima referido “ segundo “ João Rodrigues de Sá (João de Barros.,Década Terceira, Jorge Rodriguez,1628, fól. 53). Sendo Fernão Eanes de Soutomaior o capitão de Cananor, os cronistas,

          assim como referem que Diogo Reinoso, Francisco Reinoso e Antonio de Souto

         Maior são  filhos daquele capitão, também diriam que António de Sá, conhecido pelo rume, também era seu filho, o que não acontece. O mesmo se passa com o Diogo de Soutomaior, que escapa ileso no cerco de Diu e que em1550 ainda se encontrava em terras do Oriente, como acima se demonstrou. Por isso, não devem restar dúvidas de que o Diogo de Sá, que andou pelo Oriente, entre 1515 e 1527, não é filho de Fernão ou Fernando Eanes de Soutomayor, nem é o mencionado Diogo de Soutomayor do segundo cerco de Diu.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

       João Paulo Oliveira e Costa escreve que “ os irmãos António de Sá ( o Rume), Henrique de Sá e Rui de Melo eram filhos de Gomes de Sá e de Teresa de Lima ( Mare Nostrum, Temas e Debates,2013,pág. 456) . Assim sendo, o António de Sá, de que fala Simão Botelho na sua carta, não pode ser o António de Sá ( o Rume) cujo filho, Henrique de Sá, foi capitão das Molucas ( 1562-1564).

Já agora acrescenta-se que, para além daqueles três filhos, Diogo de Reynoso, Francisco de Reynoso e António de Soutomayor, Fernando Eanes de Soutomayor teve, pelo menos, mais um, com o nome de Luis de Sottomayor, que foi frade dominicano, lente de Sagrada Escritura em Coimbra e delegado ao concílio de Trento, falecido em 1610. O qual nascera em Lisboa, em 1526, filho daquele capitão de Cananor e de Mayor Diaz de Aguiar, filha de André Diaz de Aguiar Botafogo, Adail de Tânger, e neto de Gomes Ferreira, porteiro mor de D. João II e de D. Manuel, casado com D. Mayor de Sottomayor, filha de D. Pedro Alvares de Sottomayor, conde de Caminha ( Barbosa Machado, Biblioteca Lusitana, Vol. III, pág.139).

 

António Pais - autor da carta inserta na obra “ De Primogenitura”, impressa em Paris em 1551, acima transcrita - refere que Diogo de Sá era um cavaleiro verdadeiramente nobre, oriundo da uma antiga e nobre família, e que a sua fama de matemático, teólogo e jurista tinha precedido a sua pessoa. E acrescenta “ com os teus livros agora publicados facilmente poderei demonstrá-lo- haec enim ex tuis libris in lucem editis de te coniicere poteram” .Daqui é legítimo inferir que a sua formação académica

      foi adquirida antes de 1549, data da publicação da primeira obra. E a mesma conclusão ressalta do que a seguir se transcreve : “ Na ordem dos Mathematicos estão o Sabio Pedro Nunes, Diogo de Sá, Francisco de Mello, e Fr. Lucas de quem faz esta memoria em sua Arithemetica Gaspar Nicoláo,fol.LIV da terceira impressão em 1551” ( Francisco Leitão Ferreira, Notícias Chronologicas da Universidade de Coimbra, Segunda Parte, Vol. I, Coimbra,1938, pág.368). No entanto, não é conhecido qualquer documento que demonstre, sem margem para dúvidas, a sua passagem por qualquer estabelecimento de ensino, tanto em Portugal como no estrangeiro. O que não significa que o não tenha feito. Fê-lo, com toda a certeza, mas depois de ter regressado do Oriente.

          Se em 1517, é tratado por moço de câmara do rei, é legítimo concluir que Diogo de Sá deve ter nascido nos primeiros anos de quinhentos, embora desconheçamos o ano e os seus progenitores. Quanto a estes, o autor da mencionada carta di-lo oriundo de uma nobre e antiga família. O que é confirmado por António Caetano de Sousa, quando escreve: “ A Varonia desta Casa he Sá , antiga neste Reyno… Delle achamos muitos fidalgos mais antigos, que Payo de Sá, que viveo pelos annos de 1300, reynando D. Diniz: porem nelle começaõ os Genealogicos a deduzir esta família, fazendo o tronco dos deste appellido. Delle foy segundo Neto João Rodrigues de Sá, conhecido pelo nome das Galés, Senhor de Sever, etc, .

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 Alcaide Mór do Porto, e Camareiro Mór de ElRey D. João I, casou com Dona Isabel Pacheco, filha de Diogo Lopes Pacheco, Senhor de Ferreira de Aves” ( Memorias Historicas e Genealogicas dos Grandes de Portugal, Antonio Isidoro da Fonseca, M. DCC.XLII, páG. 42-3). Este Joáo Rodrigues de Sá será o antepassado do “segundo João Rodrigues de Sá, como lhe chama João de Barros, que casou com D. Joana de Albuquerque, pai dos mencionados Garcia de Sá, Francisco de Sá e também de Brites de Albuquerque, que casou com Lopo de Sousa, pais do já mencionado e celebre Martim Afonso de Sousa ( António Caetano de Sousa, Serie dos Reys de Portugal,Ofiicina Sylviana, M.DCC.XLIII, pág.147). Por isso, tudo leva a crer que Diogo de Sá também entroncará naquele ramo e, por conseguinte, será parente daqueles célebres capitães, que se notabilizaram no Oriente, tendo sido dois deles governadores da Índia, embora, primeiro o sobrinho- Martim Afonso de Sousa  - e, depois, o tio - Garcia de Sá. E mais não sabemos, no que respeita às suas origens.

      Diogo de Sá foi moço de câmara do rei Venturoso. De onde se infere que, antes de embarcar para o Oriente, vivia na corte. Onde deve ter convivido com Damião de Góis. Pois, este, em 1511, já lá se encontrava e lá viveu durante dez anos. Nesses tempos ainda vivia na corte Cataldo Sículo, que D. João II havia convidado para instruir o seu filho bastardo D. Jorge. Por isso, faz todo o sentido pensar que Diogo de Sá também foi instruído por aquele humanista, juntamente

            com Damião de Góis e os demais moços da corte. Entusiasmado com os relatos

           que chegavam à corte, dos feitos de Afonso de Albuquerque e empolgado com

as novas do embaixador Mateus do Preste João, chegado em 1514, Diogo de Sá decide embarcar para a Índia e, possivelmente, deve ter ido na armada que levava o sucessor do seu herói e que largou do Tejo a 7 de Abril de 1515.

     Como acima se deixou dito, a última referência dos cronistas da Índia a Diogo de Sá situa-se no ano de 1526. É possível que o ambiente de guerra entre facções, que se seguiu à morte do governador D. Henrique de Menezes- 1524-1526-, o tenha desencorajado a continuar do Oriente e tenha regressado ao reino.

sábado, 6 de abril de 2013

DIOGO DE SÁ


 

                                    D I O G O    DE   S Á

 

 

 

68 – DE  NAUIGATIONE  LIBRI  TRES : QUIBUS  MATHEMATICAE DISDIPLINAE EXPLICANTUR : AB IACOBO À SAA EQUITE LUSITANO  NUPER IN LUCEM EDITI.  PARISIIS.  EX OFFICINA REGINALDI CALDERII , & CLAUDII EIUS FILII. 1549. CUM PRIVILEGIO REGIS. 

 

 

69 -  DE  PRIMOGENITURA  TRACTATUS SUPER DIFFICILI & SATIS TRACTATA QUAESTIONE PER ANTIQUOS & NEOTERICOS DOCTORES, NA FILIUS SECUNDOGENITUS PRAEFERENDUS SIT NEPOTI EX PRIMOGENITO MORTUO, VIVENTE AVO. ET NOVITER STANTE DISPOSITIONE LEGIS MENTALIS LUSITANIAE, QUIS EORUM SIT PRAEFERENDUS, AB IACOBO ASAA EQUITE LUSITANO NUPER IN LUCEM EDITUS.  PARISIIS,  APUD MARTIN UM IUUENEM, SUB INSIGNI D. CHRISTOPHORI. CUM PRIVILEGIO REGIS. 1551.

 

    Estas duas obras tão distintas  -  uma sobre a navegação e a matemática e outra sobre o direito de família – , ambas impressas em Paris, foram escritas por Diogo  de  Sá. Quem foi Diogo de Sá?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

    O grande João Pinto Ribeiro, um dos conjurados de 1640, que foi Juiz de Fora em Ponte de Lima e em Pinhel, Desembargador do Paço e Guarda-Mór da Torre do Tombo, na sua obra “  Preferencia das letras às armas “, publicada em Lisboa por Paulo Craesbeeck, em 1645, escreve:

  Quem mais conhecido por seus escritos, que Diogo de Saa? Diga-o o seu livro de primogenitura, diga-o o de navigatione, impressos em Paris ; este no anno de 1549 , aquele no de 1552( desconhecia a 1ª edição). Achase em seu principio huma carta de Antonio Paes portuguez, em que testemunha deverse ao valor deste varão douto aquella grande victoria, que vinte Gallès Portuguesas  alcançaraõ em Chaul  de settenta e tres do grão Turco.Não o retardaraõ  as letras nesta empresa, mas aplicando às penas das sciencias as armas, fez que, propondo-se premio a primeira gallè, que tomasse terra do inimigo, voasse a sua , & o ganhasse. Em Baçaim, a quem defendiaõ dez mil Turcos com grande com grande copia de artilheria, & petrechos militares, dar elle a morte por sua mão ao Capitão Turco, foy causa que trezentos Portugueses tivessem daqueles inimigos hum glorioso vencimento. Testemunho foy de seu valor a Ilha de Beth, chamada dos mortos, por morrerem alli à mão do Portuguezes os muytos Turcos, que nella alojavaõ. Com sua industria  se abrazaraõ em Choromandel dous lugares, e foraõ rendidas doze Naos de turcos, que alli andavaõ infestando a nova Christandade. Taes proezas obrou em doze anos, que naquelas partes militou”. (Obras Varias compostas pelo Doutor João Pinto Ribeyro, do Conselho de Sua Magestade, e Dezembargador do Paço. Parte Segunda. Em Coimbra, Na Officina de Joseph Antunes da Sylva, M.DCCXXX,pág. 188-9).

   É óbvio que os factos descritos não se encontram na mencionada carta  - que já não vem na edição de 1606.Mas João Pinto Ribeiro tinha conhecimento dos mesmos e sabia que Diogo de Sá havia estado doze anos na Índia e, da forma como o refere, infere-se que terá sido num único período, isto é, que permaneceu no Oriente doze anos consecutivos . Ora, Gaspar Correia refere que, no ano de 1517, se encontrava na Índia “Diogo de Sá, moço da camara d’ElRey, em huma barcaça”( Lendas da Índia, Livro II, Tomo II-Parte II,1861, pág.488). E este autor fica-se por esta referência a Diogo de Sá, moço de câmara do rei e capitão de uma barcaça. João de Barros, por sua vez, escreve: “ … que mandasse fazer a fortaleza de Sunda; pelo que Lopo Vaz lhe mandou aprestar logo huma Armada de seis vélas, de que eram dous galeões, em hum dos quais hia Francisco de Sá, e D. Jorge Tello de Menezes no outro, e Diogo de Sá em huma galé, Antonio de Sá em huma galeota, e Francisco Mendes de Vasconcellos em huma caravella, e Duarte Coelho em hum bargantim” ( Quarta Decada da Asia. Madrid, MDCXV, pág. 44). E Fernão Lopes de Castanheda  também a ele se refere nesta passagem da sua obra :” Jorge de Lima, Lionel de melo, Fernão de lima, Diogo de sá & dom Miguel de linma que todos eraõ  muy esforçados, & nesta guerra  fizeraõ feytos de muy assinada valentia & mataraõ muytos mouros”( Historia do Descobrimento  e Conquista da India pelos Portugueses, Livros V,VI,VII,VIII e IX, Lello & Irmão,1979, págf.280)

 

 

 

    Os factos que se deixam descritos ocorreram nos anos de 1526 e 1525. O que demonstra que Digo de Sá ainda se encontrava ao serviço do rei na Índia. Os citados cronistas não se referem em qualquer outra parte das suas obras a Diogo de Sá. Não será despiciendo lembrar que o mencionado António de Sá era de Santarém e, em 1504, foi nomeado feitor de Cochim, segundo escreve Castanheda na citada página e Francisco de Sá era do Porto, filho do segundo João Rodrigues de Sá, alcaide-mór daquela cidade e senhor de Matosinhos e das terras de Sever, Baltar e Paiva, segundo Diogo do Couto -  que nunca se refere a Diogo de Sá (Decada Quarta da Asia, Pedro Crasbeeck,no Collegio de Santo Agostinho,Anno MDCII,fól.5). Será Diogo de Sá irmão de Francisco de Sá? Ou entroncarão ambos no primeiro João Rodrigues de Sá? Em vez de irmãos, serão primos? Os genealogistas que se ponham em campo. Certamente, quer um quer outro, são primos do Poeta do Neiva!

     Do que parece não haver dúvidas é que esteve doze anos na Índia, como nos informa o ilustre conjurado de 1640.Se, em 1517, era ainda moço, isso significa que deveria ter chegado à India há muito pouco tempo. E, se andou por lá doze anos, deve ter regressado antes de 1530. Aquele que alguns lhe apontam como pai – Fernão Eanes Sottomayor – foi na armada de Martim Afonso de Sousa, em 1534, e com ele embarcou também Garcia d’Orta. Com Fernão Eanes Sottomayor devem ter embarcado os dois filhos, António de Sottomayor e Diogo Reynoso, aos quais, e nessa qualidade, se referem com frequência, João de Barros, Gaspar Correia e Diogo do Couto. O Diogo Reynoso morreu no dia de S. Lourenço, a 10 de Agosto de 1546, no segundo cerco de Diu, na explosão do baluarte de S. João, em que se salvou “ dom Diogo de Souto Maior, que voando polo ar com a força do fogo cayo dentro na fortaleza com uma lança nas mãos por que veyo escorregando ate o chão onde ficou, sem lesão alguma” como narra Diogo do Couto, na sua Década Sexta (Pedro Crasbeeck,1614, fól.39). Não é de crer que o Diogo que morreu fosse irmão do Diogo que se salvou! Ou que Fernão Eanes Sottomayor tivesse dois filhos com o nome de Diogo! Já agora também se faz constar que o outro António de Sá, conhecido pelo Rume, de que falam os nossos cronistas do Oriente, era moço de câmara de D. Manuel e, em 1502, na viagem para a Índia, foi armado cavaleiro pelo Almirante dom Vasco da Gama ( João de Barros, Decada Primeira da Asia, Jorge Rodrigues, 1628, fól.116). Por isso, quer um, quer outro, não podem ser filhos de Fernão Eanes Sottomayor, como se pretende fazer crer. E, dada a grande diferença de idade que devia existir entre os dois António de Sá e Diogo de Sá, tendo em conta os factos que a seu respeito se deixam narrados, também este não era, com toda a certeza, irmão de qualquer deles. Nem o acima referido Diogo de Souto Maior, que se salvou no segundo cerco de Diu, pode ser o Diogo de Sá, autor dos mencionados livros, pois que três anos após aquele grande evento bélico, estava a publicar em Paris o” De Navigatione Libri Tres”! Aliás, quando o aludido Fernão Eanes Sottomayor, embarca para a Índia em 1534, na armada de Martim Afonso de Sousa, Diogo de Sá, tudo indica, já tinha regressado daquelas paragens há vários anos.

 

 

 
FRANCISCO  MARQUES