quinta-feira, 15 de novembro de 2012


 

 

                                           AS  RIMAS  DE  LUIS  DE  CAMÕES

 

 

 

    Tanto quanto me é dado saber , a terceira edição das Rimas foi impressa em Lisboa, em 1607, por Pedro Crasbeeck. Só que aparecem duas versões distintas. Uma ostenta no rosto a esfera armilar e outra  o escudo das armas de Portugal. O catálogo da biblioteca de  M. Fernando Palha descreve-as sob os nºs 1618 e 1619, respectivamente. A sua descrição coincide com a que o saudoso Prof. Pina Martins faz  em    OS  LUSÍADAS , 1572-1972, CATÁLOGO  DA  EXPOSIÇÃO BIBLIOGRÁFICA, ICONOGRÁFICA E MEDALHÍSTICA DE  CAMÕES”, 1972.pág.61. Nos exemplares aí descritos , o da esfera tem apenas quatro fólios preliminares, não numerados, enquanto o do  escudo de armas  tem oito fólios. No entanto, os exemplares que possuo, de uma e outra versão, apresentam-se com os sete fólios subsequentes, não numerados, perfeitamente iguais, quer do ponto de vista gráfico quer ortográfico. Enquanto os fólios numerados – 202- se apresentam com assinaláveis diferenças, quer gráficas, quer ortográficas. Mas a taboada apresenta-se com igual grafia, embora com algumas variantes ortográficas. No entanto, o que mais as distingue, para além frontispício, é a existência de mais um soneto na versão da esfera. Pois, enquanto esta tem 105 sonetos, a outra tem 104, embora o último desta seja também o último daquela. Á versão do escudo falta o soneto que na da esfera tem o número 104. Mas, o mais curioso é que a taboada menciona-o, apesar de o não trazer. Pois, no fólio 27 apenas aparece um soneto e último - o 104 -, enquanto na versão da esfera, o fólio 27 trás dois sonetos - o 104 e o 105.Por isso, - pelo menos, nestes dois exemplares da minha biblioteca – não “ há  uma correspondência perfeita quanto ao texto de cada página “, como refere aquele ilustre e saudoso Professor.

     Pedro Crasbeeck – o maior impressor em Portugal nos finais do século XVI e primeiro quartel do século XVII – ao imprimir a “Côrte na Aldeia” de Francisco Rodrigues Lobo, em 1619, fez uma edição ordinária e outra mais luxuosa, como refere Ricardo Jorge, em “Francisco  Rodrigues Lobo” pág.394. Da mesma forma, estou convencido, fez com as “Éclogas”, publicadas em 1605. Pois, além do conhecido exemplar com a lindíssima gravura  com os pombos voando sobre os montes, eu possuo um exemplar em que esse frontispício é substituído por um muito singelo, com uma gravura muito parecida com a  do “Pastor Peregrino” impresso em 1608, também por aquele famoso impressor. Por isso, não é de excluir que Pedro Crasbeeck tenha feito em 1607 com as “ Rimas “, aquilo que tinha feito antes com as “ Éclogas”. E aproveitou para incluir, numa delas, um soneto, que, entretanto, lhe teria chegado às mãos, como sendo da autoria do nosso imortal Camões.