AS RIMAS DE LUIS DE
CAMÕES
Tanto quanto me é
dado saber , a terceira edição das Rimas foi impressa em Lisboa, em 1607, por
Pedro Crasbeeck. Só que aparecem duas versões distintas. Uma ostenta no rosto a
esfera armilar e outra o escudo das
armas de Portugal. O catálogo da biblioteca de M.
Fernando Palha descreve-as sob os nºs 1618 e 1619, respectivamente. A sua
descrição coincide com a que o saudoso Prof. Pina Martins faz em
“ OS LUSÍADAS , 1572-1972, CATÁLOGO DA
EXPOSIÇÃO BIBLIOGRÁFICA, ICONOGRÁFICA E MEDALHÍSTICA DE CAMÕES”, 1972.pág.61. Nos exemplares aí
descritos , o da esfera tem apenas quatro fólios preliminares, não numerados,
enquanto o do escudo de armas tem oito fólios. No entanto, os exemplares
que possuo, de uma e outra versão, apresentam-se com os sete fólios
subsequentes, não numerados, perfeitamente iguais, quer do ponto de vista
gráfico quer ortográfico. Enquanto os fólios numerados – 202- se apresentam com
assinaláveis diferenças, quer gráficas, quer ortográficas. Mas a taboada apresenta-se
com igual grafia, embora com algumas variantes ortográficas. No entanto, o que
mais as distingue, para além frontispício, é a existência de mais um soneto na
versão da esfera. Pois, enquanto esta tem 105 sonetos, a outra tem 104, embora
o último desta seja também o último daquela. Á versão do escudo falta o soneto
que na da esfera tem o número 104. Mas, o mais curioso é que a taboada
menciona-o, apesar de o não trazer. Pois, no fólio 27 apenas aparece um soneto
e último - o 104 -, enquanto na versão da esfera, o fólio 27 trás dois sonetos
- o 104 e o 105.Por isso, - pelo menos, nestes dois exemplares da minha
biblioteca – não “ há uma correspondência
perfeita quanto ao texto de cada página “, como refere aquele ilustre e saudoso
Professor.
Pedro Crasbeeck –
o maior impressor em Portugal nos finais do século XVI e primeiro quartel do
século XVII – ao imprimir a “Côrte na Aldeia” de Francisco Rodrigues Lobo, em
1619, fez uma edição ordinária e outra mais luxuosa, como refere Ricardo Jorge,
em “Francisco Rodrigues Lobo” pág.394.
Da mesma forma, estou convencido, fez com as “Éclogas”, publicadas em 1605.
Pois, além do conhecido exemplar com a lindíssima gravura com os pombos voando sobre os montes, eu
possuo um exemplar em que esse frontispício é substituído por um muito singelo,
com uma gravura muito parecida com a do
“Pastor Peregrino” impresso em 1608, também por aquele famoso impressor. Por
isso, não é de excluir que Pedro Crasbeeck tenha feito em 1607 com as “ Rimas
“, aquilo que tinha feito antes com as “ Éclogas”. E aproveitou para incluir,
numa delas, um soneto, que, entretanto, lhe teria chegado às mãos, como sendo
da autoria do nosso imortal Camões.
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